quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cronograma preocupa investidores do setor eólico

O atraso na conclusão de uma nova subestação e a falta de uma linha de transmissão adequada para escoar energia têm preocupado investidores que optaram por construir parques eólicos no Rio Grande do Norte, como apontou a Folha de São Paulo, no último domingo. A informação foi confirmada por investidores entrevistados pela Tribuna do Norte. Otávio Silveira é presidente da Galvão Energia, empresa que está investindo R$ 400 milhões na construção de quatro parques eólicos no município de São Bento do Norte, capazes de gerar 94MW. Ele afirma que o atraso na conclusão da subestação “certamente atrapalhará os planos da empresa, mas o impacto ainda precisa ser avaliado com cuidado”.

Para amenizar os prejuízos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai tentar antecipar a conclusão da subestação para abril de 2013. A informação foi repassada pelo presidente do Comitê de Energias Renováveis da Federação das Indústrias no RN (Fiern), Sérgio Azevedo. “Caso não consiga antecipar a conclusão da subestação, a Aneel adiará a conclusão dos parques eólicos, prevista para janeiro, para setembro de 2013”, completou.

Devido a esta alteração, empresas como a Galvão Energia, segundo Otávio, estão reavaliando os cronogramas de implantação dos parques e estudando quanto vai ser desembolsado nesse período em função do novo cronograma. “Não vamos conseguir prorrogar o cronograma de implantação, em 100%, pelo mesmo prazo em que teremos o início do recebimento da receita da comercialização da energia atrasada. Esta é de fato a origem do principal prejuízo que terão os projetos. Ainda não conseguimos mensurar o valor exato até porque estamos neste momento fazendo uma reavaliação do cronograma em função da nova conjuntura”, afirmou o presidente da Galvão Energia.

Segundo Otávio, o valor a ser investido no RN continua o mesmo, mas, “como a rentabilidade do negócio depende também da velocidade com que o investimento consegue produzir receitas para remunerá-lo, isso significará um encarecimento”.

Devido ao ‘descasamento’ entre início de operação dos parques e conclusão da subestação, investidores começariam a fornecer energia eólica em setembro de 2013 e não em janeiro. Com a nova promessa, poderão fornecer energia eólica já em abril, caso a Aneel consiga concluir a subestação ainda no primeiro semestre. A obra, segundo Sérgio Azevedo, garante o escoamento de toda energia eólica gerada pelos parques concluídos até 2013. Depois, disso só a construção de um ‘linhão’, de acordo com o presidente do Comitê de Energias Renováveis.

A subestação atenderia os projetos aprovados no último leilão e concluídos até 2013. Mas não pararia por aí. “O Estado precisa dar segurança aos futuros investidores para que continuem investindo no RN”. A saída seria instalar um linhão que interligaria Piauí e Pernambuco, passando pelo RN com capacidade de 500 KW, a maior possível. ‘Esta seria a solução definitiva para os próximos seis anos”.

Conexão elétrica para projetos é um dos maiores gargalos

Para Otávio Silveira, presidente da Galvão Energia, um dos maiores gargalos no RN é a falta de condições adequadas de conexão elétrica para o grande número de projetos que o Estado tem conseguido colocar nos leilões. “Se por um lado o recurso eólico tem se mostrado além de abundante no RN, de grande qualidade, por outro, a falta de conexão adequada vai demandar de todos, empreendedores e governo, uma ação junto aos formuladores da política energética nacional, para se antecipar a implantação de uma infraestrutura capaz de atender as demandas de crescimento do setor para os próximos anos. Precisamos antecipar a construção de um linhão que atenda ao projetos atuais e futuros no RN”. conclui.

Sérgio Azevedo concorda. Sem a subestação e o ‘linhão’, a energia gerada pelos parques eólicos no RN não pode ser descarregada no sistema federal de energia. Ele enumera uma série de ações necessárias para atrair mais investidores e não causar tantos prejuízos, entre elas, melhorar a logística no estado. “Toda infraestrutura viária carece de investimento”. Alguns investidores também estão temerosos em relação a concessão de licenças. Porém, para Marcelo Toscano, diretor geral do Idema, não há motivos para preocupação.

Embora o número de técnicos seja pequeno, como ele mesmo reconhece, o órgão dispõe de um grupo técnico específico para tratar da energia eólica. Atualmente, o grupo conta com seis técnicos, número que poderá dobrar até julho de 2011. O objetivo da ampliação é atender a demanda cada vez mais crescente. Segundo Marcelo, os técnicos do Idema estão trabalhando em conjunto com o Ministério de Meio Ambiente e o de Minas e Energia para agilizar o processo de licenciamento.

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, voltou a dizer que o Estado está tomando as providências necessárias para viabilizar a construção dos parques eólicos no RN. Ele reconhece que o atraso, decorrente da falta de infraestrutura, causa prejuízos para todo mundo. “Para o estado, o ideal é que começasse logo”. A verdade, segundo Sérgio Azevedo, é que nem governo federal nem estadual poderiam prever a quantidade de investimentos e projetos captados pelo RN no setor de energia eólica até 2013. “Estado e empresários não esperavam este boom no RN”.

Fonte: Tribunadonorte

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