Pedro Pereira, de 25 anos, nasceu em uma família de agricultores e sempre gostou de ler, mas em Sítio Massabielle, comunidade onde mora na área rural de Esperança, na Paraíba, não havia biblioteca. A única opção, quando garoto, era ir até a Biblioteca Municipal no centro da cidade, a doze quilômetros de sua casa. Algumas vezes, até saía mais cedo da escola para pegar livros.
Com 20 anos de idade e muitos livros depois, Pedro continuava a frequentar a biblioteca da cidade e começou a participar das atividades da Associação de Moradores de Massabielle, E foi em uma reunião, em 2006, que recuperou a esperança de mudar a realidade da comunidade: conheceu o Programa Arca das Letras. Uma equipe do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) anunciava a chegada da primeira biblioteca rural em Massabielle.
A partir dali a vida de Pedro mudou. De agricultor passou a ser também um agente de leitura do Arca das Letras. O garoto, que sempre gostou de livros, agora tinha uma biblioteca na sala da própria casa com a responsabilidade e vontade de incentivar a leitura na comunidade onde foi criado. “Tenho orgulho de ser agente de leitura. Ajudei a mudar de verdade a vida aqui na comunidade. A biblioteca representa um espaço onde se gera conhecimento”, avalia dizendo que está lendo Iracema de José de Alencar, afirmação de seu gosto pela literatura nacional.
Como agente de leitura, Pedro se interessou cada vez mais pela educação e troca de conhecimentos. Por isso, decidiu fazer o curso de Pedagogia. "A Arca tem tudo a ver com educação", diz. Quando se formar, garante que vai seguir como agente. “Comunidade que não tem biblioteca, não tem acesso à leitura. Como pedagogo vou procurar levar o saber. Tem como conciliar o programa com sala de aula e é o que pretendo fazer futuramente”.
Em cinco anos, o acervo da biblioteca rural do agente de leitura Pedro foi praticamente multiplicado por dez. Passou de 220 volumes iniciais para mais de 1,9 mil livros. "Fazemos campanhas de doação, como o Dia do Livro que sempre garante a arrecadação de muitos exemplares", conta.
O trabalho de Pedro como agente de leitura virou uma referência no município de Esperança e em todo o estado da Paraíba. Em 2010, foi à Brasília como representante do estado na Pré-Conferência de Cultura Setorial Livro e Leitura, realizada pelo Ministério da Cultura. Com a experiência adquirida em eventos como este e no cuidado da Arca, Pedro ajuda outros agentes a consolidar o prinicipal objetivo do programa: o acesso à educação e cultura por meio da leitura. "Tenho prazer em ajudar. Dou apoio a eles em como trabalhar com a Arca, como desenvolver as atividades. O trabalho não é fácil, mas eu conto a minha história com a Arca em encontros municipais de agentes para que os outros possam se motivar mais e desenvolver as atividades da Arca”, completa.
Na Paraíba há 371 bibliotecas rurais em 141 municípios. Na cidade de Esperança existem ao todo 10 bibliotecas e 20 agentes de leitura capacitados para atender as 1.680 famílias que moram no municípios.
O Programa Arca das Letras
Criado pelo MDA em 2003, o Arca das Letras implantou em todo o Brasil mais de 8,3 mil bibliotecas rurais. O número de livros distribuídos passa de 2 milhões. A administração das bibliotecas é feita por 17 mil agentes de leitura que contribuem para melhorar os índices educacionais de suas comunidades e valorizar a cultura no meio rural.
O Programa facilita o acesso ao livro e à informação porque as bibliotecas são instaladas na casa de um morador ou na sede de uma associação rural. As comunidades escolhem os assuntos que formam os acervos, o local onde a biblioteca funcionará e indicam os moradores que serão capacitados como agentes de leitura. Os acervos contêm livros nas áreas de literatura infantil, para jovens e adultos, saúde, agricultura, meio ambiente e didáticos.
fonte: MDA
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