segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Agropecuária tem peso na desaceleração da economia

O produtor Nelson Schreiner, de 70 anos, não economizou adubo e tecnologia para formar quase mil hectares de milho na Estância São Carlos, em Itapeva, sudoeste paulista. Com o frio intenso, a geada atingiu a plantação em pleno desenvolvimento. Para piorar, vieram as chuvas na hora da colheita e ele contabilizou uma quebra de 25% na produção. "Uma pena, pois o preço está muito bom", disse. Não foi só com o milho: o trigo, plantado no inverno, também foi afetado pelas geadas e ele estima perda de 20%. Segundo o IBGE, o PIB da agropecuária ficou estagnado com crescimento zero no segundo trimestre deste ano contra igual trimestre em 2010. Foi o pior resultado desde o último trimestre de 2009.
Os produtores apontam as condições climáticas adversas como responsáveis pela desaceleração no desempenho da agropecuária no segundo trimestre deste ano. "Os preços agrícolas estão excelentes, com a soja batendo na casa de R$ 55 a saca e o milho a R$ 30, mas a produção não saiu como se esperava", diz o gerente geral da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito (CACB), Luiz Carlos Mariotto. "O que faltou foi a ajuda de São Pedro". Nas principais regiões produtoras de São Paulo, Paraná e Mato Grosso, o milho safrinha foi afetado tanto pela estiagem logo após o plantio, como pelas baixas temperaturas e geadas na fase de desenvolvimento das lavouras.As chuvas vieram na hora da colheita, afetando a qualidade do grão. De acordo com Mariotto, as perdas oscilaram entre 30% e 40%. Para o trigo, os efeitos foram ainda piores: além da quebra de até 50% na produção, a qualidade do grão foi afetada pelas chuvas.PecuáriaO setor pecuário também sofreu perda de renda por falta de escala de produção, segundo o pecuarista José Fernandez Lopez Neto, de Itapeva. Apesar de os preços da carne bovina terem se mantido em patamares históricos elevados, a produção não vem crescendo na proporção do consumo. Muitos criadores saíram da atividade, diz ele.O presidente da Câmara Setorial da Carne Bovina da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, Alfredo Ferreira Neves Filho, atribui parte do fraco desempenho da agricultura à queda de exportação da carne bovina, agravada pelo embargo da Rússia, em maio, mas cujos reflexos ainda estão sendo assimilados pelo setor. Ferreira Filho disse problemas internos - como a saúde das empresas frigoríficas, alto custo de produção e política tributária ineficiente - e externos, como embargos de países compradores e câmbio baixo, impedem o crescimento da atividade e inibem novos investimentos dos pecuaristas. Ferreira Neves lembrou que no primeiro semestre as exportações da carne bovina brasileira caíram 16% em volume em relação ao mesmo período de 2010 só se mantendo positiva por causa do preço do produto brasileiro, que foi valorizado.


fonte: tribunadonorte

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