segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pouco conhecida em Natal, planta é famosa no tratamento de doenças e "milagres"




Uma árvore que tira a dor. A Morinda Citrofolia, popularmente chamada de Noni, tem espalhado cada vez mais a sua fama de "fonte de cura", apesar de ainda ser pouco conhecida em Natal. Tal como outras plantas que se tornaram famosas pelos seus poderes medicinais, o Noni é a moda da vez e já vem causando uma verdadeira revolução, sendo aplicado em diversas enfermidades. A reportagem de O Poti/Diário de Natal foi atrás dos depoimentos das pessoas que experimentaram o fruto e que tiveram resultados milagrosos.

Originária do sudoeste da Ásia, o Noni foi difundido pelo homem através da Índia e do Oceano Pacífico até as Ilhas da Polinésia Francesa. Em diferentes lugares do mundo, todas as partes do milagroso pé de Noni, desde a raiz até as folhas, são utilizadas para algum fim curativo.

Na China, Japão e Taiti, várias partes da árvore são usadas para o tratamento da febre, dos olhos, problemas da pele, gengivite, constipação, dores de estômago e dificuldadesrespiratórias. Na Malásia, acredita-se que as flores do Noni aquecidas, aplicadas no peito, curam náuseas, tosses e cólicas. Nas Filipinas, o suco das folhas do Noni é consumido como tratamento para artrite. Na Indochina, o fruto aplica-se no tratamento da asma e da desinteria. Por fim, nos Estado Unidos e Canadá, o fruto é anunciado como produto dietético.

Será verdade? A repercussão dos poderes curativos do Noni no Rio Grande do Norte tem se espalhado e alcançado mais pessoas a cada dia que passa, e cada beneficiado pelo fruto tem uma história diferente para contar. A cabeleireira Elza Lino descobriu o fruto através de uma cliente, a dentista Solange Miranda, que, por sua vez, conheceu o fruto por intermédio de uma cunhada, médica, que viu os efeitos de um câncer no útero regredirem até ficar totalmente curada. "Os frutos que eu tenho são dados pela Solange, porque ela plantou um pé de Noni no jardim do consultório dela. Eu faço o meu suco de Noni e tomo todos os dias", afirmou Elza.

Quando alguém se queixa de alguma dor ou doença perto de Elza, a cabeleireira não pensa duas vezes e já oferece um pouco do seu suco de Noni, e ensina como consumir. "Tomar sempre 30ml pela manhã e à noite antes de dormir. Antes eu sentia dores fortes nas pernas e nos braços, resultado do trabalho no salão. Hoje não sinto mais essas dores, tenho disposição para fazer qualquer coisa e ainda tenho um melhor sono depois que passei a consumir", contou.

A dentista Solange Miranda não consome o Noni, mas faz questão de fornecer para os adeptos, sem custos. "Depois que vi minha cunhada curada do câncer, acredito que a planta realmente tem bastante compostos químicos benéficos para enfermidades de vários tipos. Só não consumo ainda porque não precisei", disse.

Ao contrário de todas as frutas que são melhores quando consumidas frescas e com casca, essa não é muito palatável ao natural. "Parece fruta do conde, mas não tem nada de doce. O gosto é muito ruim e o cheiro não é dos mais convidativos", continuou Solange. Quanto ao suco, segundo os usuários, este deve ser misturado com outros sucos, preferencialmente de uva, ficando com um sabor curioso.

Histórias de curas vão da artrose à pressão alta

Tarcísio e Clarisse Azevedo, ambos com 63 anos, são casados, residem em Lagoa Seca e nunca tinham passado por tantas dificuldades quanto as que tiveram quando a dona Clarisse ficou quase sem andar com as fortes dores nos joelhos. Após uma queda, os joelhos sensíveis com a artrose pioraram, intensificando as dores, deixando a aposentada com os movimentos das pernas cada dia mais comprometidos. "Precisava fazer uma cirurgia e talvez os resultados da recuperação não fossem os melhores", conta ela.

Sem êxito na fisioterapia e na hidroterapia, Clarisse deixou de ser aquela aposentada que fazia tudo dentro de casa, pois as dores da artrose a impediam de caminhar. "Não tinha mais a minha liberdade. Meu marido sofreu junto comigo, pois eu dependia dele para tudo", compartilhou. Vizinhos de Elza, foram surpreendidos pela sua visita, quando lhes foi apresentado o Noni. "Eu tinha que fazer alguma coisa por ela. E eu sabia que o Noni podia ajudar", disse Elza.

Tomando o concentrado de Noni com suco de uva, dona Clarissedisse ter vivido sensações maravilhosas. "Sabe quando você toma algo e sente o corpo mais leve? Pois foi isso que eu senti. O concentrado começou a agir como analgésico e dois meses depois eu estava completamente sarada", relatou. "Desde então, nunca mais parei de tomar Noni. Passamos o fruto maduro no liquidificador com suco de uva e é uma beleza. Nunca mais tive gripe nem dores musculares e cada dia que passa busco saber mais a respeito", completou.

Clarisse Azevedo sempre gostou de tomar produtos naturais, herança que trouxe, desde a infância, dos seus pais, quando morava em Mossoró, sempre acreditando no poder curativo das plantas e tem plantado em seu jardim o pé de Noni. "Eu tomo o Noni sabendo que é um remédio que Deus deixou para nós. Temos que ter fé para conseguir ver os resultados, isso é certo", revelou. "Agora, eu faço com a Elza: sempre receito aos amigos e temos visto resultados em outras pessoas também", completa.

Com as taxas de colesterol, glicose e pressão normais, essas pessoas dizem não conseguir parar de tomar, quando vêm resultados tão surpreendentes, e presenciam uma melhora na sua própria qualidade de vida.

Em outro lugar da capital potiguar, no bairro das Quintas, mora Maria Nazaré do Nascimento, 65 anos, que também recebeu indicações para usar o Noni em problemas de pressão alta. Além de ter perdido peso, a aposentada também disse estar mais saudável depois que passou a consumir o Noni, há mais ou menos oito meses. "Eu preparo o meu concentrado no vinho tinto, porque foi assim que me ensinaram a fazer. Fica muito gostoso", disse.

A mãe da Nazaré, a dona Maria do Carmo Nascimento, de 87 anos, também toma o suco de noni com vinho todos os dias e comprova que o fruto também tem propriedades laxantes, além de dar uma melhor noite de sono.

Amiga de Nazaré, Maria Rita da Silva, 82, chegou a passar 15 dias na UTI com fortes dores lombares, resultado do enfraquecimento dos ossos. "Foi aí que eu apresentei ao filho dela o Noni. Ele deu pra ela tomar, e está aí pra contar a história", afirmou Nazaré. "Eu não conseguia mais subir as escadas da igreja, era muito ruim andar de bengala, hoje eu não preciso mais desse acessório", contou, alegre, dona Rita.

"Sucesso é ligado ao fascínio pelo mágico"

Apesar da dificuldade de encontrá-lo in natura, o maior mistério em relação ao Noni - e que também reforça sua popularidade - tem a ver muito mais com as suas supostas propriedades terapêuticas. Seu consumo no Brasil é recente, sendo mais popular nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. De acordo com estatísticas de 2003, uma garrafa do suco era vendida a cada dois segundos pelo mundo afora - sem falar das cápsulas e dos chás. "O sucesso está diretamente ligado ao fascínio que o homem sente por tudo que pareça mágico, milagroso e, sem muitas explicações precisas ou de forma vaga, anuncie-se capaz de curar várias doenças", acredita o professor da UFRN, farmacêutico e especialista em fitoterapia, Túllio Accioli.

Apesar da literatura científica sobre essa espécie vegetal ser extensa, especialmente em relação aos possíveis efeitos farmacológicos e usos terapêuticos, a quantidade de publicações que avaliaram sua segurança é limitada. A Gerência-Geral de Alimentos da Anvisa avaliou por diversas ocasiões produtos contendo Morinda citrifolia, incluindo o suco de Noni.

Os estudos toxicológicos encaminhados pelas partes interessadas foram limitados e considerados insuficientes para comprovar a segurança dos produtos, sendo que a maioria dos estudos foi conduzida com espécies roedoras. "Ocorreram testes com humanos também, e foram comprovadas melhoras. Mas existem muitas contra-indicações", afirmou o farmacêutico.

Segundo Accioli, o consumo de Noni não é indicado sem que haja uma observação médica que assegure que sejam ingeridos os compostos presentes. O que é visto no Noni é a presença de três principais compostos que ocasionaram os resultados acima descritos. O primeiro deles é a proxeronina. As enzimas, substâncias presentes na atividade da digestão, transformam a proxeronina em xeronina, que torna possível as proteínas executarem suas funções. Armazenada no fígado, a xeronina é liberada no sangue e permite que as proteínas ajam nas células humanas, melhorando o cabelo, a pele, os ossos, agindo também como anticorpos, dando suporte ao sistema imunológico. "Por essa razão, os usuários não têm tido doenças sazonais e melhoraram de dores nos joelhos e na coluna", explica.

O segundo composto é o damnacantal, que é uma substância que inibe a ação dos grupos de células responsáveis pelo câncer. "O que ele faz é impedir o crescimento dos tecidos malignos, acelerando o processo de formação de novos leucócitos, ou glóbulos brancos. Por isso os usuários apresentam em seu corpo uma atividade anti-tumoral de destaque", relata.

O terceiro principal composto é a escopoletina. Esse composto é responsável pela dilatação dos vasos sanguíneos, o que permite a passagem do sangue mais rapidamente, resultando níveis de pressão sanguínea mais baixos. Esta redução da pressão não produz níveis demasiado baixos que possam prejudicar-lhe (hipotensão), simplesmente os equilibra. Além disso, comprovou-se que a escopoletina destrói uma variedade de espécies bacterianas. "Na escopoletina também são observadas propriedades anti-inflamatórias e inibidoras histamínicas, relacionado com a dor, a artrite e as alergias", explica Accioli.

O motivo pelo qual ainda não se aplica na medicina o Noni se deve pelo simples fato dos estudos fitoterápicos não terem sido completamente concluídos. Uma regulação médica intitulada RDC-14 não comprovou ainda a eficácia terápica do Noni, faltando ainda diversos processos dessa regulação a serem devidamente esclarecidos. "Esses estudos são feitos com muito rigor, e somente através deles que podemos saber a dose certa a ser tomada e se o tipo de solo onde ele está sendo cultivado é o aconselhado. Não sendo, a composição química do fruto é alterada e outros compostos entram em ação", adverte Túllio Accioli. Segundo resultados de pesquisas, diversos usuários apresentaram danos hepáticos, ou seja, a proxeronina em excesso intoxicou o fígado do consumidor.

De acordo com Accioli, a ação terapêutica de uma planta depende do seu cultivo, ou seja, a água, a presença de luz solar e o solo alteram toda a composição da fruta. "Temosque ter muito cuidado com os modismos. Pode ser que estejamos ingerindo veneno, muitas vezes", aconselhou. O farmacêutico disse que os 20 venenos mais fortes são de origem natural e nada impede que o mesmo aconteça com o Noni. "Sempre discordei do ditado "produto natural: se bem não fizer, mal é que não faz". Então, peço a todos as pessoas que consomem o Noni que o façam com precaução", finalizou.


Fonte: www.tribunadonorte.com.br

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