sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Jovens atuantes em comunidades podem participar do Prêmio Agente Jovem de Cultura


Agente Jovem de Cultura vai reconhecer 500 jovens entre 15 e 29 anos, em todo o Brasil, que atuam e trabalham em suas comunidades com ações culturais nas categorias de comunicação, articulação e mobilização cultural; cultura e tecnologia; pesquisa, acervo e diálogos intergeracionais; formação cultural; produção e expressão artística e cultural; intercâmbios e encontros culturais; cultura e sustentabilidade.

A iniciativa é desenvolvida pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania Cultural, em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República, e dos Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Agrário.

De acordo com o edital do Prêmio, lançado no dia 12 de dezembro, durante a 2ª Conferência Nacional de Juventude, podem participar brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros que residam no país há mais de três anos. Ao todo, serão investidos R$ 5 milhões para concessão de prêmios de R$ 9 mil para cada iniciativa selecionada.

Segundo a secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, esse edital foi lançado em um momento importante, quando a juventude se articula para conquistar e garantir direitos culturais, e reconhecem que a cultura é um direito fundamental de toda a juventude brasileira.

Já a secretária de Cidadania Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, destaca que é importante identificar e valorizar o que vem sendo feito por jovens que trabalham com a cultura no Brasil e ao mesmo tempo conhecer esses jovens, suas demandas e como podem interagir com os Programas Cultura Viva e Brasil Plural.

"Esse prêmio é o primeiro passo de um processo de ação mais ampla e permanente, que vai envolver trabalhos de fortalecimento da formação do agente jovem de cultura, incluindo bolsas de formação, em parceria, também, com o Ministério da Educação", diz a secretária.


*Fonte SNJ

Secretário alerta para uso do termo economia verde


Na segunda-feira (13), a FETRAF-BRASIL participou do debate realizado pela ONG Vitae Civillis, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais entidades, sobre a temática “Empregos verdes, trabalho decente e produção e consumo sustentáveis”. A atividade ocorreu no Instituto Goethe, em São Paulo.A partir de um documento base, os participantes expuseram seus pontos de vista sobre como acelerar a transição da atual economia, para a verde, frente ao crescente efeito das mudanças climáticas; a importância de adotar novos padrões de consumo, e estabelecer meios de proteger o trabalhador consumidor e; promover o desenvolvimento sustentável.Para Aron Belinky, à frente do processo internacional da ONG Vitae Civillis, quando se fala de ferramentas econômicas para tratar de questões ambientais, isso se torna polêmico. “A economia verde se tornou para as empresas uma oportunidade de negócios e na verdade, ela não se limita a pensar novos nichos. Ela tem que se valer pela responsável utilização dos recursos que temos”, pontuou. Marcos Rochisnki, secretário Geral da FETRAF-BRASIL Rochisnki, explanou que o debate sobe economia verde, recai primeiramente sobre os agricultores familiares, os que estão no meio rural, fazendo o enfretamento ao modelo que devasta, destrói, utiliza agrotóxicos. “Cada vez mais se faz necessária uma regulamentação no Brasil, que priorize a alimentação saudável, a extinção de venenos nas produções agrícolas. A agricultura familiar alimenta o país e faz assim. Enquanto se discute a extinção da sacolinha plástica, e o uso da biodegradável, ou oxibiodegradável, se leva veneno pra casa”, observou. Em sua intervenção, o coordenador alertou para a cautela a ser adotada ao pronunciar o termo economia verde. “Do nosso ponto de vista, quando se fala em economia verde, o que realmente se quer dizer? Porque o agronegócio pode ser verde. Até ate mesmo no que se refere à redução da emissão de carbono, o agronegócio é bem visto, enquanto quem realmente preserva a natureza simplesmente é ignorado”. Para ele, a discussão sobre geração de renda deve ser feita a partir de um modelo de produção que já existe, a agricultura familiar. Investir, de que forma, qual o resultado ecológico e econômico que ela trará e, como promover seu fortalecimento. Carmem Foro, secretária de Meio Ambiente da CUT, elencou a regulamentação de mercado e a responsabilização pela cadeia produtiva como fatores que compõem positivamente o período de transição para a economia verde. Já Lucilene Biensfild, da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (CONTRACS/CUT) colocou em debate o impacto que a implantação de grandes redes do distribuição causam no comércio local. “Essas multinacionais, por exemplo, do ramo alimentício, levam embora os recursos do país. É importante ter uma avaliação do impacto ambiental que essas empresas causam; das relações de trabalho e; ter uma política de isenção tributária com contrapartidas voltadas para o social, para a geração de postos de trabalho. O debate foi o primeiro de uma série que será realizada pela ONG e demais organizações. Dentre outros temas estão: instituições e mecanismos financeiros; governança; justiça social e biomas e territórios. Participaram do debate, Rachel Moreno, representante do Observatório da Mulher, Leonardo Sakamoto, jornalista da ONG Repórter Brasil, Julia Nogueira, da secretaria Racial da CUT, CUT-Pará, Conselho Estadual de Meio Ambiente do Pará, representante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), GREENPEACE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho da Prefeitura Municipal de São Paulo, dentre outros.


fonte: fetrafbrasil

Agricultura familiar irá garantir alimentação na Cúpula dos Povos


Escrito por Fernanda Silva - IMPRENSA FETRAF-BRASIL

No escritório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na tarde da última quarta-feira (15), Elisângela Araújo, coordenadora Geral da FETRAF-BRASIL participou da reunião que discutiu os preparativos para que a agricultura familiar possa garantir a alimentação de cerca de 14 mil pessoas acampadas de 15 a 23 de julho, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, na Cúpula dos Povos.

“Além de expor o potencial produtivo da agricultura familiar, vamos colocar em evidência para a sociedade civil essa agricultura familiar, que preserva e cuida do meio ambiente. Que é capaz de garantir a segurança alimentar sob uma nova concepção. Saudável e sustentável”, disse a coordenadora.

A alimentação dos participantes da Cúpula dos Povos deve ser feita com a contribuição de cooperativas de produção e comercialização de agricultores familiares do Rio de Janeiro, com o fornecimento de verduras e leguminosas e, de Minas Gerais.

“A Conab, irá ajudar na logística dos produtos para que as cooperativas que estão começando a operar o PAA [Programa de Aquisição de Alimento] e PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] possam também participar”, informou Elisângela. Juntamente com a Companhia, FETRAF e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) irão elaborar cardápio.

A Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, é um evento organizado por entidades da sociedade civil brasileira e internacional, com críticas ao modo como os governos têm tratado as questões socioambientais e com propostas para evitar um colapso global.

Carregamento de pás eólicas chega a Natal


Encontra-se no Porto de Natal o navio Thorco Highlander, de bandeira alemã, vindo de Portugal, trazendo peças para a montagem de parques eólicos no Rio Grande do Norte. Ao todo, 30 pás eólicas, totalizando 1.500 toneladas, estão sendo descarregadas desde ontem, de acordo com informações da Companhia Docas do RN (Codern), que administra o porto.
O material foi importado pela Wobben para a implantação de parques da CPFL Renováveis no estado. A reportagem tentou colher mais informações com a empresa, mas não havia porta-voz disponível na tarde de ontem. Não foram divulgadas informações sobre o município de destino das cargas nem quando as peças começarão a sair do porto, operação que é apontada de forma recorrente como "difícil" por investidores do setor, pelo fato de o terminal estar localizado no meio da cidade.
Só em 2012, este é o segundo navio que chega ao Porto de Natal trazendo equipamentos eólicos.
A Companhia Docas do RN não informou a programação para o restante do ano, considerando que só é informada sobre a chegada dos navios com 15 dias de antecedência, de acordo com informações da assessoria de comunicação. No ano passado, 12 navios chegaram ao terminal portuário carregados com esse tipo de equipamento.

fonte: tribunadonorte

Mapa ameaça rebaixar o RN quanto ao risco de aftosa


O Rio Grande do Norte corre o risco de passar de área de risco médio para alto risco de febre aftosa, caso não atenda a recomendações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A mudança afetaria diretamente o setor agropecuário, comprometendo, por exemplo, a comercialização de animais vivos, de produtos, subprodutos e de material de multiplicação genética - como sêmen, por exemplo - para outros estados. Os alertas foram emitidos ontem pelo Ministério, em nota à imprensa. O órgão afirma, sem detalhar, ter encontrado "deficiências relevantes" no RN para justificar o rebaixamento. O mesmo aviso foi dado ao estado da Paraíba.
A reportagem tentou saber que deficiências foram identificadas e as providências que o estado deverá adotar para reverter o quadro, mas não havia porta-vozes disponíveis para conceder entrevista no Ministério, na tarde de ontem.
De acordo com a nota enviada pelo órgão à imprensa, quatro equipes formadas por fiscais federais agropecuários do Mapa realizam desde segunda-feira e devem concluir hoje auditorias e avaliações nos estados Maranhão, Piauí, Pernambuco e na parte centro-norte do Pará. O objetivo é atestar se atenderam às exigências para serem reconhecidos como áreas livres da doença, com vacinação. A possível reclassificação, segundo informações divulgadas de forma recorrente pelo governo do estado, também é pleiteada pelo RN. Os estados do Ceará e Alagoas se somam aos que estão à espera da mudança e serão auditados durante a primeira semana de março.

Sobre o RN e a Paraíba, o Mapa disse "que apresentaram deficiências relevantes e correm o risco de ter a sua classificação rebaixada, caso não atendam às recomendações". "Aqueles que não avançarem nas próximas etapas terão restrições comerciais com as unidades federativas que iniciarem o processo para mudança de status", alertou ainda.
INSPEÇÃO
Nesta primeira fase, segundo o Ministério, os técnicos do Departamento de Saúde Animal (DPA) estão examinando o cumprimento das inconformidades apontadas na última auditoria, realizada em julho de 2011, como também será analisado o sistema de proteção em regiões de divisas com esses estados.
A expectativa é que nos meses de março e abril seja iniciado o inquérito soroepidemiológico para verificação da ausência de circulação do vírus da febre aftosa no rebanho bovino nos estados. O cronograma completo prevê atividades até outubro, quando será finalizado o processo.
Se todas as exigências forem cumpridas, haverá o reconhecimento nacional da nova zona livre de febre aftosa com vacinação e, logo após essa declaração, o próximo passo será a comunicação à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, sigla em inglês).
A TRIBUNA DO NORTE tentou contato com o secretário estadual da Agricultura, da Pesca e da Pecuária, Betinho Rosado, mas em viajem ao interior, ele não foi localizado por telefone. O mesmo ocorreu em relação ao presidente do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn), Rui Sales, cujo telefone estava desligado.
Para a Anorc, há "descaso" por parte do Governo
O presidente da Associação Norte-Riograndense de Criadores (Anorc), Marcos Teixeira, disse que os criadores fizeram sua parte para que houvesse o avanço do RN de área de risco médio para livre de febre aftosa ao realizarem a vacinação do rebanho de forma correta e no período predeterminado pelo governo. A vacinação é uma das exigências para que haja a reclassificação.
Ele observa, entretanto, que falta o governo do Estado executar a parte legal e administrativa, porque até o momento "está na estaca zero. "O descaso é total", afirmou.
Para Teixeira, se o Ministério da Agricultura rebaixar o Rio Grande do Norte, o Estado "ficará isolado" nessa questão do zoneamento da febre aftosa, e toda a cadeia produtiva do agronegócio será prejudicada, considerando que para exportar seus produtos, muitos países exigem certificados.
Teixeira ressalta que o Rio Grande do Norte é referência no país quando se trata da qualidade genética do bovino da raça Guzerá: "Podemos nos privar disso e ocorrer de a Festa do Boi também acabar", ressalta.
Segundo Teixeira, essa preocupação já foi levada ao deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), que por sua vez já tratou da questão com a governadora Rosalba Ciarlini e o secretário estadual da Agricultura, Betinho Rosado.
"Infelizmente as coisas não saem do papel, até os telefones do Idiarn estão cortados", lamenta o presidente da Anorc, que relaciona a falta de recursos humanos como um dos problemas levantados pelo Ministério da Agricultura, para executar a fiscalização necessária no setor agropecuário.
Toda a questão já foi tratada numa audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, em dezembro do ano passado. No dia 7 de fevereiro deste ano, houve outra discussão entre representantes dos governos estadual e federal e da classe empresarial.
Na oportunidade, o presidente da Federação da Agricultura, José Vieira, alertou os diversos produtores rurais e autoridades do setor sobre a questão: "Fizemos esse alerta com o intuito de ajudar ao Governo. Se o rebanho potiguar voltar para o nível de risco desconhecido (fato que já ocorreu no começo da década de 2000), os produtores não poderão mais comercializar os seus animais em outros estados e nem os rebanhos desses estados poderão entrar no RN", observou à época.
SAIBA MAIS
A febre aftosa é uma das enfermidades animais mais contagiosas e é capaz de causar "importantes perdas econômicas", segundo a Organização Mundial de Saúde Animal - OIE. A taxa de mortalidade é alta principalmente para animais jovens. Entre as espécies suscetíveis estão bovídeos (bovinos, búfalos, yaks, ovinos, caprinos) suínos, todos os ruminantes selvagens e suídeos. Os camelídeos (camelos, dromedários, lhamas, vicunhas) apresentam baixa suscetibilidade. O Ministério da Agricultura reconhece como de risco médio da doença os seguintes estados: Alagoas, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e a região Centro-Norte do Pará. Em alto risco encontram-se Roraima, Amapá e as demais áreas do Estado do Amazonas. Hoje, 15 unidades da federação são reconhecidas pela OIE como livres de febre aftosa com vacinação: Acre, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal. Além disso, detêm esse status a região Centro-Sul do Pará e os municípios de Guajará e Boca do Acre, no Amazonas.

fonte: tribunadonorte

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Intervenção Federal na República dos coronéis



Situação no Rio Grande do Norte já justifica a Medida Extrema

Por Eduardo Feld*

SE VOCÊ CONCORDA COM ESTE ENSAIO, POR FAVOR FAÇA CHEGAR O TEXTO ÀS ENTIDADES LEGITIMADAS À PROPOSTA

Ao deixar minha terra natal rumo ao Nordeste, para o exercício da Magistratura, entrei em contato com uma realidade que acreditava ser apenas conhecida através dos livros de história.

A história dos retirantes, suas dificuldades com o preconceito e a discriminação, muito cantada por Belchior, foi vista de um ângulo diferente: o retirante ao contrário, o que “sobe” e que, embora poucos saibam, sofre as mesmas provações.

Logo após a aprovação, nos idos de 1998, logo entrei em contato com o estranho mundo das promoções por “merecimento”, dos “padrinhos” e das “peixadas”; das seitas secretas, das relações familiares, enfim, comecei a perceber o universo da “caixa-preta” que constitui – ainda – as nossas Justiças estaduais.

Explicando melhor, percebi, bastante precocemente, que as promoções tinham critérios bastante “objetivos”, consistindo, basicamente esta objetividade nas relações de pertinência com grupos familiares, oligárquicos ou até seitas secretas.

Por outro lado, os servidores que ostentavam o como “título” ser “parente de desembargador” adquiriam uma pose e um status próprio, superior aos próprios magistrados.

Estes fatos, longe de serem um segredo ou algo que não se pode dizer abertamente, é de conhecimento geral e, não obstante os esforços do CNJ em regular essa “caixa-preta”, persistem até hoje, através de uma “engenharia” cada vez mais aprimorada pelas Cortes e podem ser comprovados estatisticamente.

Neste contexto, eu, que, na época, era comumente chamado de “forasteiro”, embora fosse um membro de Poder da República do Estado, era tratado como “carta fora do baralho” em qualquer que fosse a disputa e qualquer que fossem meus títulos (legítimos que fossem na metrópole, não eram reconhecidos na província).

Apesar das hostilidades, consegui realizar uma carreira bastante sólida. Já ingressado na Magistratura tendo uma graduação em engenharia eletrônica na melhor escola de engenharia do Brasil, tal como reconhecida pelo MEC, especialização em matemática pura e sete anos de trabalho em empresas privadas nas áreas de engenharia desoftware, engenharia financira bancária e administração de banco de dados, procurei avançar no portfolio de realizações, realizando um mestrado em jurisprudência dos valores, realizar o embrião do projeto de desburocratização de execuções penais, publicado internacionalmente, iniciar-me como professor, além de realizar inúmeras publicações em diversas áreas do direito.

Enquanto isto, a tarefa jurisdicional não deixou de ser bastante excitante, conseguindo realizar um trabalho de excelência, sob os aspectos quantitativo, qualitativo e adminsitrativo. Consegui, nas seis comarcas onde trabahei, formar profissonais e estagiários através de programas aulas, realizar uma verdadeira liderança, respeitada entre servidores, advogados, promotores e jurisdicionados diversos.

Minha via crucis, entretanto, começa no ano de 2007, quando iniciei um projeto de sistema de código aberto, para controlar processos judiciais, adminsitrativos e legislativos no Judiciário e demais repartições da Adminsitração Pública.

A iniciativa veio inspirada num momento em que havia uma pressão social muito grande em relação à economia e, inclusive outros projetos, menores, que eram alardeados como de grande resultado e eficiência.

Nosso projeto, entretanto, tal como era anunciado, prometia uma economia bilionária. E a pedra de toque de tal alquimia era a economia com empresas de informática que poderiam ser substituídas por sistmas feitos em casa, desde que nossa equipe pudesse ter acesso aos sistemas governamentais usados no âmbito do Tribunal.

Fizemos vários pedidos, os quais não oneravam de modo algum os recursos oficiais, apenas se requeria acesso à informação (a qual, pelo princípio da publicidade, deveria ser visível a qualquer cidadão) e que fossem marcadas reuniões com os desembargadores, nas quais tais propostas pudessem ser expostas e defendidas.

O sistema chegou a ser exposto como “Projeto de Informatização da Anamages – Associação Nacional dos Magistrados Estaduais – para a Justiça Estadual”.

Hoje, o projeto é um dos primeiros a serem relatados em buscas no Google, o que nos faz desconfiar fortemente que esteja sendo usado, sub-repticiamente, por todos os projetos de informatização de processos pelo Brasil. O acompanhamento direto pela equipe, entretanto, não é substituível, sobretudo para que se use todo o potencial do projeto.

Mesmo o reconhecimento oficial do projeto por uma associação como algo virtuoso para o futuro de nossas finanças não foi suficiente para a sensibilização do TJRN. Os pedidos eram rejeitados, em geral, sem fundamento ou com fundamentos monossilábicos do tipo “não há recursos” (recursos para quê?) ou ainda simplesmente engavetados.

No último expediente, remetido ao TJRN, além de acenar com a economia bilionária e o possível fim do desperdício, apontamos uma série de erros e defeitos no atual sistema de informatização do Tribunal – Tais defeitos permanecem hoje.

Como se não bastasse o descaso com os interesses públicos envolvidos como o projeto, comecei, já em 2007, a receber ameaças, no sentido de que “coisas estranhas” poderiam começar a acontecer, se eu insistisse no projeto. Evidentemente, não parei, mas as “coisas estranhas”, efetivamente, começaram a acontecer.

Algumas sentenças de minha lavra, mormente aquelas que absolviam pessoas do povo injustamente acusadas em operações policiais irregulares, começavam a ser mandadas para a Corregedoria e eu era citado para me manifetar sobre “possíveis infrações” em que tais sentenças consistiriam.

Vale aqui, transcrever o seguinte texto:

Declaração Universal sobre a Independência da Justiça, adotada na sessão final da Conferência sobre a Independência da Justiça realizada em Montreal, em 10 de junho de 1983, e constante da Revista AMAGIS, publicada pela Associação dos Magistrados Mineiros, Belo Horizonte, volume XVIII, nº VII, dezembro, 1988, página 66: 2.02. Os juizes individualmente devem ser livres e deve ser seu dever decidir as questões submetidas a eles com imparcialidade, de acordo com sua compreensão dos fatos e seu entendimento da lei, sem quaisquer restrições, influências, induções, pressões, ameaças ou interferências, diretas ou indiretas, de qualquer setor ou por qualquer razão. 2.03. No processo de tomada de decisão, os juízes devem ser independentes vis à vis seus colegas judicantes e superiores (…). 2.04. O Judi ciário deve ser independente do Executivo e do Legislativo.

Os pedidos de providência aos quais respondia afrontavam os princípios da independência da Justiça, esculpidos em normas constitucionais brasileiras e internacionais.

Vale aqui ressaltar que a independência do Magistrado não é importante apenas para o magistrado, mas mormente para o cidadão, que precisa de um juiz imparcial, livre de pressões. Imagine um cidadão ser julgado por um juiz que está sendo processado por absolver acusados. Teria este juiz a devida imparcialidade par a julgar sem se preocupar com o seu próprio destino? Ou o destino do acusado se tornaria refém do temor do próprio magistrado?

Tais argumentos foram aduzidos, “ad nauseam”, perante o órgão correicional do TJRN e o próprio Plenário. Entretanto, este argumento ora não era enfrentado, ora era descartado sem fundamentação, em violação ao princípio básico de que as decisões precisam ser fundamentadas, ora era enfrentado com frases simplórias e estapafúrdias como a seguinte:

“A independência judicial não pode ser usada como escudo para que o magistrado decida aquilo que ele quer”.

Ora, se a independência judicial não é escudo para o uso da própria consciência e a livre interpretação da lei pelo juiz, qual será o objetivo da independência judicial? Tais afirmações demonstram, claramente, a falta de aptidão técnica e ética daqueles que as subscreveram, sem deixar de levar em conta que tais subscritores podem vir a provar de seu próprio veneno, ao serem processados, futuramente, pelo teor de suas decisões, razão pela qual deveriam, no mínimo, tomar mais cuidado com as violações constitucionais que praticaram.

Outros “fundamentos” ainda mais teratológicos foram usados, tais como “infração: julgar em desacordo com a jurisprudência do Tribunal ao qual está vinculado o magistrado”. Não vou comentar esta absurdidade, tendo em vista que qualquer aluno do primeiro ano sabe identificar nela a mais absoluta inaptidão.

Interessante, inclusive, não haver notícia de que alguma de tais sentenças tenham sido apreciada por Tribunais Superiores, eis que as mesmas atendem perfeitamente à jurisprudência nacionalmente unificada e ao direito posto.

Muito embora absolutamente díspares em relação aos parâmetros legais e constitucionais, os referidos pedidos de providência se transformaram em investigações, posteriormente em sindicâncias, processos disciplinares, foram conexos e, enfim, após o decorrer de um enorme assédio moral, em que fui coagido a julgar de determinada forma para agradar às elites, sem, entratanto, ceder a estas nefastas pretensões, deram origem a uma penalidade de disponibilidade. Fundamento – pasme – “sofrer de depressão” (depressão esta causada pelas hostilidades).

Nos “debates” de cada uma destas fazes, eu era submetido à execração pública, insultado como não fora em toda a minha vida. Pessoas sem a menor expressão nacional, sem obras publicadas, sem títulos acadêmicos se arvoraram em avaliar “minha aptidão”, aptidão esta que já foi avaliada em estágio probatório. A maioria dos juízos de valor decorreu de informações e boatos extra-autos, muitos daqueles datados de dez anos, resultante de um processo debullying. Um dos desembargadores, no auge da arrogância, diz que “o momento é propício par que Sua Excelência reflita se a Magistratura é a carreira mais adequada para o mesmo

Pois é esta a mesma reflexão que devolvo ao mesmo desembargador, bem como aos demais: “Será que um colegiado que não sabe o que é devido processo legal nem independência da Magistratura tem legitimidade e aptidão para continuar tendo o poder que tem?”

Hoje, todas esta decisões aberrantes estão suspensas pelo CNJ, por afronta a diversos dispositivos como independência da Magistratura e o devido processo legal.

Em resposta ao Conselho, não cessaram os insultos, sendo respondido pela Presidência, que “a Corregedoria está repleta de processos contra o requerido, por má postura técnica profissional”. Tais processos, entretanto, objeto de uma certidão, são todos eles processos por “infração hermenêutica” e que hoje estão suspensos! Portanto, o documento presidencial revela uma péssima postura técnica, profissional e ética, que chegou a escandalizar as associações de magistrados.

Veja, por exemplo, a ANAMAGES, afirmando que “tais atos sujeitam os membros da corte a possíveis representações por infração

Já a AMB: “Foram praticadas atrocidades de causar arrepios contra o requerente.”

Como se não bastasse, aguardo uma promoção, já conclusa, na qual estou habilitado, tendo passado mais de três meses da abertura da vaga, em afronta à autoridade do CNJ, que estabelece 40 dias. Manifesta retaliação. Aguardo a conveniência e oportundiade dos “coronéis” em me promover, apesar de os mesmos já terem sido avisados que estão infringindo determinação superior.

Enfim, essas e outras retalições continuam sendo executadas, embora já alertados pelo plenário do CNJ de que estão incorrendo em graves nulidades e quiçá infrações. Interpostas pessoas, entre membros diversos da comunidade jurídica têm servido aos interesses dos grupos dominantes para dar continuidade a estes ataques, numa manifestação de total desprezo pela ordem nacional, que já resolveu o assunto.

INTERESSES PÚBLICOS

Até então, pode parecer que eu esteja pautando meu ensaio por experiências pessoais, mas não é bem assim.

Há outros casos, embora de menor grau, de magistrados perseguidos pelo teor de suas decisões.

Servidores com o título de nobreza “parente de desembargador” costumam processar os magistrados que os “desafiam”, entendido este desafio como uma mera reclamação contra inoperância dos departamentos que coordenam. Temos aqui, no Estado, um exemplo bastante recente – e revoltante.

Por outro lado, a inoperância da informatização chegou ao ápice no recente “escâncalo dos precatórios”, que poderia ser evitado pela acolhida de ofertas de ajuda, como comprovamos em um outro ensaio.

A própria recusa de ajuda reitera o compromisso com a manutenção do atual esquema, cuja “tradição” foi “ameaçada” por idéias novas – rapidamente descartadas, com consequências trágicas.

Ou seja, não bastasse o desperdício de bilhões, que há anos tentamos conter, hoje somos surpreendidos com a notícia de que pode haver desvios de dinheiro. As respostas não convencem o mais iletrado cidadão.

Assim, somos levados às seguintes reflexões.

Após estes fatos, um magistrado que tiver uma idéia em prol do aprimoramento da Administração e da economia pública ousará propô-la?

Pior ainda, um bacharel com ideiais democráticos ousará ser magistrado?

Ora, uma Corte que se pauta por interesses políticos em detrimento da justiça, comprovando uma enorme inaptidão, uma Corte que responde aos que ousam desafiar seus pontos de vista na peixeira (ainda que virtual) não pode simplesmente continuar atuando como se nada tivesse acontecendo de errado. É preciso, urgentemente, buscar a intervenção federal, o afastamento de todos os desembargadores e sua substituição por membros isentos, oriundos de outras unidades da federação, até que a “herança maldita” de anos de dominação patrimonialista seja purgada.

Do fundamento Jurídico da Presente Pretensão

Diz a Constituição da República:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I – manter a integridade nacional;

II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III – pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

Ora, aqui se percebem vários fundamentos, cumulativos para dar azo a uma intervenção federal

. O livre exercício do Poder Judiciário está tolhido, pela coação

desenfreada realizada pelo Plenário e pela Corregedoria, contra a independência judicial.

. Os princípios constitucionais de independência da Magistratura, devido processo legal, e pagamento de precatórios, estão sistematicamente sendo descumpridos

. O regime democrático tem sido negado pela imposição dos pontos de vista da oligarquia dominante como uma verdadeira “santa inquisição”.

. A prestação de contas simplesmente inexiste, o que acarreta os “escândalos” em que o Tribunal se envolve.

. Os direitos da pessoa humana são atingidos, a partir do momento em que juízes são obrigados a condenar (mesmo os inocentes) sob pena de processo disciplinar.

*Eduardo Feld é juiz de direito

fonte:http://www.anamages.org.br/portal/artigos/intervencao-federal-na-republica-dos-coroneis/